A ECONOMIA EM TEMPO DE COVID-19

Edição n.º 131 – https://cadernoseconomia.com.pt/wp-content/uploads/2020/07/cadernos-economia-131-preview.pdf

A retoma económica

Como é natural, esta edição dos Cadernos de Economia aborda a recuperação e a retoma da economia após o surto profundo da pandemia que tem assolado o mundo. E, claro, também se verificou (e ainda se verifica neste momento) em Portugal, tendo primeiro determinado uma quase completa paralisação das actividades económicas (durante o tempo do confinamento a que fomos obrigados) e agora justifica que nos devotemos à recuperação do tecido empresarial, de modo a que a retoma seja possível. Esta epidemia provocou a paralisação de sociedades e o congelamento da economia, interrompendo os habituais fluxos económicos e o regular funcionamento do mercado.

Já antes da eclosão da pandemia, Portugal apresentava debilidades várias sob o ponto de vista económico, como questões estruturais nunca resolvidas, um PIB per capita entre os mais baixos dos países da Zona Euro, uma baixa produtividade de trabalho, um sistema bancário com fragilidades várias ou a morosidade da justiça. No entanto, temos possibilidades de, perante este desafio pós-COVID-19, reagirmos de forma acertada aproveitando esta oportunidade de podermos optar por um adequado plano estratégico que privilegie a reindustrialização que tenha como referenciais a transformação digital, a economia circular e a economia do conhecimento. Para que tal seja possível, há que recrutar e reter talentos nas várias áreas do conhecimento, atrair empreendedores e mobilizar, com base no tal plano estratégico de que necessitamos, trabalhadores e empresários para uma tarefa de fundo que poderá colocar Portugal no pelotão da frente dos países europeus.

Há que levar em conta que há hoje um reforço do papel dos Estados, que a globalização vai ser decerto diferente do que tem sido até hoje, que as cadeias de produção vão sofrer alterações e que os países vão dar preferência à produção mais perto dos seus mercados, enquanto as tecnologias serão, cada vez mais, globais. A Europa deu recentemente prova de que compreendeu o seu papel nesta crise, aprovando os fundos necessários à recuperação económica dos países para preservar o mercado interno e garantir a manutenção da moeda única.

Sobre todos estes pontos, os vários autores que nesta edição colaboram apresentam os seus pontos de vista e deixam-nos reflexões, sugestões e pistas indispensáveis para percebermos a conjuntura presente e o caminho para a retoma. Saibamos aproveitar este período difícil, mas, pleno de oportunidades, e reordenar a economia no caminho do futuro.

Rui Leão Martinho

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